quinta-feira, novembro 13, 2008

‘As pessoas me odiavam e eu não sabia o que fazer', diz Yoko Ono em SP

Viúva de John Lennon participou de palestra em museu no Ibirapuera.
'O amor e o ódio têm a mesma vibração', disse a artista plástica japonesa.



De passagem pela cidade de São Paulo, a artista plástica Yoko Ono participou de uma palestra nesta quinta-feira (13) no Museu de Arte Contemporânea (MAC), no Parque do Ibirapuera, e aproveitou para formalizar a doação de duas obras à instituição, que poderão ser vistas até fevereiro de 2009 no local.

A primeira é a “Árvore dos desejos”, onde pessoas do mundo inteiro penduram mensagens com pedidos de paz. Outra é a instalação “Ex it – Os portões do inferno são apenas um jogo de luz”, trabalho criado em 1997 com 60 caixões de madeira contendo plantas em buracos, “para discutir a efemeridade da vida e seu movimento de terno retorno”.
viúva de John Lennon subiu ao palco do auditório do MAC completamente no escuro, acompanhada apenas de algumas lanternas. Minutos depois a energia voltou e a japonesa radicada em Nova York, para onde deve retornar nesta sexta (14), fez apenas uma exigência: nada de perguntas sobre sua vida pessoal.

Yoko exibiu imagens do DVD “Passages for light”, em que a artista aparece em diversas partes do mundo divulgando sua “Onochord” – espécie de lanterna distribuída para que as pessoas enviem mensagens de amor umas às outras. A idéia é usar o recurso de diferentes lugares simultaneamente – “de navios, do topo das montanhas, do alto dos edifícios”, para que a corrente de amor atinja o universo.

Torre de luz


Já a “Light tower”, dedicada ao ex-Beatle, é uma torre de luz inaugurada na capital da Islândia para emanar mensagens de paz. “Se você não pode ir até ela, imagine que ela está lá, conectando as pessoas do mundo todo.”

“Temos de ter confiança em nós mesmos agora”, disse a artista. “Muita gente achava impossível mudar a América e ela está mudando agora”, comentou, em uma referência à eleição de Barack Obama. “Muitas vezes vejo que as pessoas riem do que eu falo, mas eu continuo fazendo o que eu acredito, e cada um reage como pode.”

Segundo a artista, olhar o mundo com amor é a solução. “Você pode enxergar o copo metade cheio ou metade vazio, depende de quem olha”, diz. “Muitas pessoas me odiaram durante anos por diferntes motivos, e eu me perguntava o que fazer com aquilo. O amor e o ódio têm a mesma vibração, e eu amo todos vocês. As pessoas podem até pensar: mas ela não se cansa de dizer isso? O amor é como o sexo. Você fez na semana passada e não quer mais agora?”

Antes de posar para os fotógrafos em frente às suas obras e se despedir, Yoko encerrou a palestra distribuindo pedaços de um vaso de cerâmica. “Daqui a dez anos nós vamos nos encontrar para reconstruir este vaso. Até lá! Amo todos vocês.”


Paula Silva

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